A BANALIZAÇÃO DO ERRO
24/01/2006
Não estou por dentro do assunto, mas
leio nos jornais que há algum embaraço entre autoridades norte-americanas e o
Google, questões não sei se técnicas, legais ou morais, mas há algum
desconforto entre o quebra-galho eletrônico mais utilizado pelos internautas e
os responsáveis pelo setor nos Estados Unidos.
Não tenho elementos --nem me interessa
tê-los-- para dar opinião a respeito. Como qualquer usuário, recorro ao Google
em determinados casos, mas confesso que com receio, mais do que receio, com
remorso. Sei como é falho em suas informações, misturando nomes, datas, situações,
fatos. Outro dia fiz uma consulta sobre mim mesmo, digitei meu nome por
completo e recebi, entre várias informações corretas, uma centena de Carlos
Heitor que nada tinham a ver comigo, inclusive um pai-de-santo no Maranhão e um
dono de laboratório acho que aqui mesmo no Rio.
Se me atrevo a dar uma opinião sobre o
Google, diria que, tal como nas boas enciclopédias, cada texto (ou verbete)
deveria trazer o nome do autor que o escreveu, abonadas com a citação das
fontes. Do jeito que está, simplesmente veiculado por uma sigla (Google), deixa
de ser confiável. Torna-se até leviano.
Um colégio aqui do Rio fez uma espécie
de concurso sobre os escritores cariocas e meu nome apareceu em diversos deles.
Noventa e oito por cento dos alunos consultaram o Google e sem darem crédito à
fonte, repetiram o mesmo erro que consta de uma de suas as páginas:
atribuíram-me um livro de estréia que nunca publiquei nem escrevi.
A massificação das informações facilita
este tipo de trabalho escolar, mas os erros são tantos e tamanhos que prejudica
o aluno e a verdade.
Carlos Heitor Cony, 80, é membro do Conselho
Editorial da Folha. Romancista e cronista, Cony foi eleito para a Academia Brasileira
de Letras em 2000. Escreve para a Folha Online às terças.
E-mail: cony@uol.com.br |
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